Ainda não estou convencido de que Lula vá ter Alckmin como vice. (É verdade que domingo estarão juntos, no jantar do Prerrô. Mas precisamos ver como vai ser o ritual: os dois entrando juntos, circulando juntos, ou separados. Vai significar muita coisa).
Mas me parece que o flerte atende a dois objetivos claros de Lula. O primeiro é torná-lo mais aceitável ao eleitor dito moderado ou de centro (que existe; o que não existem são presidenciáveis de centro, porque os que assim se dizem são da direita, não do centro. Portanto, há um contingente de eleitores centristas sem candidato. Lula os quer, Lula pode consegui-los).
Há dois riscos aqui, claro. O primeiro é o vice trair o titular, como sucedeu com Temer. Isso Lula evitaria com sua proverbial habilidade. O segundo é, Lula tendo 76 anos, lhe acontecer algum problema de saúde. Mas estava verificando: Adenauer foi chanceler da Alemanha até os 87 anos. De Gaulle governou a França até os 79 anos, e só deixou o poder porque perdeu um referendo. Nem precisava ter renunciado. E os dois faz mais de meio século. A medicina melhorou muito. A saúde não será óbice, provavelmente.
O segundo objetivo é excluir do debate nomes que não acrescentem votos. Leio quase todo dia propostas de vices à esquerda de Lula, ou que sinalizem um apoio a grupos identitários. Serão bons nomes para ministérios ou para concorrer ao Congresso, não para a vice-presidência. Lula precisa de votos.
Finalmente, diria que na estratégia de Lula é importante, ainda que difícil, ganhar no primeiro turno.
Descontar a promissória o mais cedo possível. Escapar de três semanas de manipulação bolsonarista de todos os instrumentos à mão. Diria que este é o terceiro ganho de acenar com o nome de Alckmin. Lula está com a vitória no primeiro turno possível, mas não garantida. Auxílio Brasil, mídia, manipulações farão de tudo para impedir isso.
Daí, a busca da aliança mais ampla possível. Esta é a lógica.