Givaldo Alves que se tornou protagonista de um dos casos mais comentados nas redes sociais neste ano após ser espancado pelo personal trainer Eduardo Alves por ter mantido relações sexuais com a esposa dele em um carro em Planaltina (DF), afirmou que votou em Jair Bolsonaro por causa da facada que o candidato sofreu.
“Sendo bem claro que só votei no senhor porque tomou aquela facada”, afirmou, referindo-se ao atentado sofrido por Bolsonaro durante a campanha de 2018.
Essa história reaparecer neste caso é um rolê pra lá de aleatório. Mas, por isso mesmo, é útil para entender como certas narrativas, alimentadas periodicamente pelo bolsonarismo, seguem presentes na memória de uma parte da população.
Vivendo em situação de rua, Givaldo deu uma entrevista exclusiva em vídeo ao portal Metrópolis, publicada nesta quinta (24), ainda com as marcas da agressão. Ele diz que a relação foi consensual, que foi convencido pela esposa de Eduardo e que não se arrepende.
Givaldo Alves diz que pretende votar em Bolsonaro novamente em outubro deste ano. “Votei com muito orgulho e votarei outra vez”, afirmou.
Desde o início do ano, a máquina de guerra digital de Jair Bolsonaro voltou a inundar redes sociais e aplicativos de mensagens com a mentira de que Adélio Bispo atentou contra sua vida a mando de partidos de esquerda.
A investigação da Polícia Federal concluiu que Adélio tem graves problemas mentais e agiu sozinho. Desde então, ele está internado sob ordem judicial.
Essa ação tem a mesma natureza da sabotagem da vacinação infantil, ou seja, manter os seguidores radicais excitados visando às eleições. E excitados, eles vão às ruas saudar o “mito” em atos de campanha e xingam membros da família que reclamam da vida.
A facada, recebida durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro de 2018, deixou sequelas. Ao mesmo tempo, também deixou dividendos eleitorais que o então candidato à Presidência da República soube explorar muito bem para faltar a debates no segundo turno – mesmo que médicos tenham deixado claro, naquele momento, que ele poderia participar.
Contudo, o uso político por Jair Bolsonaro da facada tende a funcionar cada vez menos, mesmo entre seus apoiadores, por conta da economia deteriorada, com a disparada nos preços dos alimentos, dos combustíveis e da energia elétrica, as altas taxas de desemprego, subemprego e informalidade, a derrocada no valor da renda dos trabalhadores, o aumento no endividamento das famílias e, claro, a fome.
O grosso da população está mais preocupado com a ‘facada’ que a inflação causou em seu orçamento do que com as teorias conspiratórias plantadas pela campanha à reeleição do presidente da República.