Denise Assis avalia que os 19% de vantagem de Lula no Datafolha demonstram que a suposta preocupação de Bolsonaro com a alta dos combustíveis não colou.
Por Denise Assis, para o 247
A elucidação do caso no sentido de localizá-los demorou a ser iniciada, mas quando foram a campo, auxiliados conforme citei pelos locais, conseguiram esclarecer e deter os que estavam na cena do crime. Falta contar o restante da história.
Para a PF era importante dizer que não havia mandante. Aparelhada e dividida internamente, não se sabe ao certo quantos e quais são os fiéis ao capitão. Por via das dúvidas, se afirmassem que havia um mandante as investigações teriam de prosseguir, o Estado se posicionar, entrar com ações e diligências pesadas, mapeando atividades que não deviam. Deus e os micos da floresta sabem que há interesse em desmatamentos e outras atividades extrativistas lá no comando central.
Ludibriados, os integrantes da PF caíram na promessa vazia do aumento, barrado pelo ministro Guedes. Sem o aditivo, já descobriram que o bando é muito maior do que os dois “Pelados” presos. Enfezados, possivelmente chegarão aos interessados nas mortes dos defensores da Amazônia.
Aquela esperança de tudo se ajeitar, Bolsonaro, pode esquecer. A PF segue fazendo o seu trabalho. E tanto é assim que partiu para o caso do ex-ministro da Educação, o pastor Milton Ribeiro, até então deixado em descanso. (Com perspectiva de retornar ao cargo, segundo promessa do chefe no ato de demissão).
À tarde Milton Ribeiro foi solto, mas o delegado não deixou de botar a boca no mundo, quanto às esquesitices que detectou no inquérito. De acordo com o seu texto, Ribeiro, apontado por ele como o “principal alvo” da operação, “foi tratado com honrarias não existentes na lei“.
Calandrini disse também que comunicou ao seu superior a situação e que irá manter a postura “de que a investigação foi obstaculizada ao se escolher pela não transferência de Milton a Brasília à revelia da decisão judicial“.
Bolsonaro tem todo interesse em manter o ex-ministro fora da capital e longe das imediações do Palácio. Os 19% de vantagem escalados pelo ex-presidente Lula na corrida presidencial, segundo pesquisa Datafolha, demonstram que as encenações do presidente para fingir que se preocupa com a alta dos combustíveis, não colou. Manter a versão de que o crime na selva estava resolvido e liquidado, tampouco. Os últimos dias no Planalto deixaram ver que não foi só a cara que Bolsonaro botou no fogo. Torrada está a sua imagem. Enquanto isto, a mídia tradicional bate bumbo para Simone Tebet (MDB), na tentativa de colocá-la no segundo turno, contra Lula, fazendo cinzas da pretensão de Bolsonaro. Aspiração tão custosa quanto empurrar um carro alegórico. Afinal, Tebet sair de 1% só porque eles querem, nem por milagre de São João. Mas Bolsonaro também já deve estar fazendo promessa. A continuar assim, Lula levará no primeiro turno.

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Fonte: Brasil 247
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